sexta-feira, 25 de junho de 2010

BIZUNGA



Porque eu fui uma menina com uma flor, e estou esperando você voltar, mesmo sabendo que não está voltando pra mim, e estou aqui nesse quarto pensando que talvez seja melhor dormi aqui, sozinha, desse outro jeito que não é mais o jeito de nós dois.
Porque eu fui uma menina com uma flor, e você o meu saudoso Vinicius, que me compunha cantigas, me fazia rir, chorar, sofre, morrer e ressuscitar no instante seguinte me desmanchando em tantos suspiros fortes, quentes que liquidava todo acontecimento em qualquer espaço, que não fosse aquele onde você era eu e eu era só você e mais nada. Depois nos suicidávamos mais um pouco, pra terminar a seqüência de pecados carnais. Aquele quarto, onde está tudo do mesmo jeito, as mesma fotos, os mesmo móveis com os mesmos livros, o mesmo cheiro de duas carnes e o peixe. Você fala mal de mim pra ele, mas ele não liga, porque é muito meu chapa, e fui eu que o comprei.
E porque eu fui uma menina com uma flor, e corria de madrugada pra te ver, só porque você gemeu mais baixo, e você canta tão desafinado que ninguém mais tenta concertar, e fica todo mundo rindo, porque você é engraçado mesmo sem querer ser.
Porque eu fui(sou) uma menina com uma flor, e daria tudo para poder estar aí, e essa distanciam já existia antes de você partir. Porque sem você, não sei nem chorar, sou chama sem luz, jardim sem luar, e porque sem você, meu bem, eu (não)sou alguém.

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